Spinoza o Encrenqueiro...

Filósofo foi excomungado ao dizer que Moisés não escreveu partes da Bíblia.
Baruch de Spinoza (1632 - 1677), filósofo de origem judaica, é considerado como o fundador das modernas interpretações bíblicas. Spinoza desde cedo se destacou como um ávido leitor da Tanakh, a bíblia judaica, que tem praticamente o mesmo conteúdo do Antigo Testamento. O único problema era sua inteligência.
Spinoza questionou a fé cega nas escrituras, ao afirmar que Moisés não poderia ter escrito alguns livros da Tanakh. Uma das razões, apontava Spinoza, é que em um dos livros atribuídos a Moisés está descrito o próprio enterro do profeta...
Os rabinos da época, claro, não gostaram desta e de outras interpretações de Spinoza (como a de que a Bíblia deveria ser entendida não no sentido literal, mas no figurado). A princípio, ofereceram dinheiro para que ele se calasse. Spinoza recusou. Então, os doutores da lei lançaram sobre ele a pior das maldições - o cherem - equivalente à excomunhão dos católicos. Assim rezava a maldição:

"Amaldiçoado seja de dia, amaldiçoado seja de noite; maldito seja quando durma, maldito seja quando acorde; o Senhor destruirá seu nome, e ao fazer isso, cortará seu elo com as tribos de Israel. Que ninguém mais fale com ele, nem pela fala, nem pela escrita, nem lhe preste nenhum favor, nem fique sob o mesmo teto que ele, nem leia nada composto ou escrito por ele".
Com esta proibição, nenhum judeu poderia sequer dirigir a palavra a ele. Isso era um pesadelo,
considerando que na época os judeus viviam em comunidades fechadas.
Spinoza, que depois foi ainda perseguido pelos cristãos pelos seus escritos, permaneceu na pobreza, vivendo de doações de amigos e de seu modesto serviço como polidor de lentes, até sua morte, em 1677.